2016 né mores. E a pauta do feminismo ai bombando grazadeus!! Esse ano os publicitários tão num campo minado pra elaborar campanhas pra essa data.
Desculpe se você chegou nesse post esperando links de floricultura ou de produtos de beleza em promoção, mas quero falar de presentes que não murcham e nem tem prazo de validade.
“ai lá vem esse papo” – Migxs, acostumem-se, a mulherada tá tomando posicionamento e não olha pro lado quem tá passando é o bonde vão parar.
Daí então que eu resolvi dar algumas dicas pra você que quer dar aquele agrado neste dia considerado o Dia internacional da Mulher. Pra começar vamos falar um pouco de história? Vamoooos!
A ideia de criar o Dia da Mulher surgiu nos primeiros anos do século XX, nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto. Então é sempre importante entender que a origem desse dia não é comemoração, mas de LUTA. Se naquela época feministas se levantaram para serem consideradas seres humanos, hoje a pauta se ampliou, se diversificou, incluiu e está a passos lentos buscando mudanças de paradigma.
A ideia de criar o Dia da Mulher surgiu nos primeiros anos do século XX, nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto. Então é sempre importante entender que a origem desse dia não é comemoração, mas de LUTA. Se naquela época feministas se levantaram para serem consideradas seres humanos, hoje a pauta se ampliou, se diversificou, incluiu e está a passos lentos buscando mudanças de paradigma.
O machismo internalizado na nossa sociedade freia as conquistas sociais das mulheres, transforma nossas dores em “mimimi”, nos rotula, nos reduz, nos silencia e até mesmo nos mata. Os números de violência contra a mulher estão ai e não me deixam mentir.
O mais triste é ver mulheres reproduzindo discursos machistas e nocivos às outras mulheres. Usando a palavras da Clara Averbuck:
“Já fui uma mulher que reproduzia machismo e afastava as outras, aquelas mulheres tão cheias de frescura, tão mulherzinhas, tão fracas, que eu considerava inferiores a mim.Já fui uma mulher gordofóbica que não conseguia imaginar como aquela gorda tinha coragem de sair de casa, que aquela gorda ia morrer sozinha, que quem ia querer aquela gorda.Já fui uma mulher que apontava pra outra e chamava de piranha, eu mesma sendo piranhíssima, mas ó, eu não era como as outras, eu podia. Pff.Já fui também uma mulher racista, que achava linda a cultura negra mas tirou onda do cabelo de “creiça” de uma outra mulher.”
Eu também já fui tudo isso. É duro admitir. Eu poderia assinar embaixo de cada palavra da Clara. Mas eu escolhi repensar, crescer amadurecer, eu percebi que esses discursos eram como um efeito borboleta que num dado momento afetaria a mim mesma e me faria muito muito mal.
SORORIDADE. Essa palavra tão bonita (eu acho!), mas que pouco tem significado numa sociedade onde nós crescemos sendo ensinadas que toda mulher é competitiva, invejosa, fura-olho, fofoqueira.
A maravilhosa Chimamanda Adichie disse em seu discurso no TED:
“Criamos garotas para que vejam umas às outras como oponentes, não por empregos ou conquistas, o que pode ser uma coisa boa, mas pela atenção dos homens”.
E não é mais pura verdade?
Então diante dessas coisas vai uma listinha de ideias do que presentar as mulheres nesse 8 de Março.
1 – PROTAGONISMO
O dia da mulher mal chegou e eu já vi vídeo falando sobre feminismo gravado por HOMEM.
Sabe, serio mesmo? Não que o homem não possa participar, lutar junto, aliás seria ótimo que todos estivessem dispostos. Mas ME DEIXA SER PROTAGONISTA DAS MINHAS PRÓPRIAS CAUSAS, OBRIGADA.
Por mais empatia que eu tenha com a causa negra e o racismo por exemplo, eu JAMAIS poderia tomar o lugar de fala dessas pessoas simplesmente porque eu sou branca! Eu nunca passei por nada que eles passam! A vez e a voz são deles!!!!
Da mesma forma, assim como qualquer outro opressor, o homem tenta roubar o lugar de fala da mulher nas pautas feministas. E quando alguma feminista vai reclamar vocês já sabem o que ela escuta, preciso nem reproduzir.
Já não basta querer delimitar nosso espaço em qualquer ambiente? Já não basta praticar mansplaining, bropriating, manterrupting???
#manterrupting: quando uma mulher não consegue concluir sua frase porque é constantemente interrompida pelos homens ao redor.#bropriating: Quando, em uma reunião, um homem se apropria da ideia de uma mulher e leva o crédito por ela.#mansplaining: É quando um homem dedica seu tempo para explicar algo óbvio a você, como se não fosse capaz de compreender, afinal você é uma mulher.
Não queiram calar nossas vozes. Nós deixem protagonizar nossa própria história!
2 – RESPEITO
Uma pesquisa do Instituto Avon e do Data Popular, divulgada em dezembro de 2015, deu um panorama básico da questão da violência contra a mulher que assustou muita gente, mas que na vida real a gente já tava careca de saber né non?
A pesquisa mostrou que os universitários consideram muitas das violências listadas como consequências das atitudes femininas. Aquelas que a gente já sabe: se você usa um short curto não é porque você pode estar com calor, é porque certamente tá provocando o pobre mortal que não consegue guardar o pinto dentro das calças, esse meninão com vontade própria e sem capacidade de escolha.
27% dos entrevistados disseram que "abusar da garota se ela estiver alcoolizada" não é uma violência, 35% disseram que também não é uma violência "coagir uma mulher a participar de atividades degradantes, como desfiles e leilões". Repassar fotos ou vídeos das colegas sem autorização delas não foi considerada uma forma de violência para 31% dos homens que participaram da pesquisa.
11% das universitárias disseram que já sofreram uma tentativa de abuso quando estavam sob efeito de álcool. Por medo de sofrer violência, 36% delas já deixaram de fazer alguma atividade na universidade.
O Pior: a maioria das mulheres, ao sofrerem algum tipo de violência, se intimida: 63% delas afirmaram que não reagiram quando sofreram a violência.
Vamos fazer uma cartela de bingo com todas as frases machistas que a gente escuta por ai , e uma delas certamente é: “mas você só aceitou, não falou nada, não denunciou, não buscou ajuda?”
Se eles soubessem o quanto é paralisante, o quanto faz a gente se sentir impotente, o quanto a gente tenta fingir que não aconteceu por vergonha, por medo de mais violência. Às vezes simplesmente não conseguimos...
Então, nesse 8 de Março, dá esse presente pra nós, entende todos os tipo de violência que existem e tentem parar de praticar, tá? E chama atenção do amigo, do irmão, do primo, do colega de trabalho pra não fazer mais também tá? Olha aqui a listinha de definição pra ficar mais fácil:
Assédio sexual: Comentários com apelos sexuais indesejados/Cantada ofensiva/Abordagem agressiva
Coerção: Ingestão forçada de bebida alcoólica e/ou drogas/Ser drogada sem conhecimento/Ser forçada a participar em atividades degradantes (como leilões e desfiles)
Violência sexual: Estupro/Tentativa de abuso enquanto sob efeito de álcool/Ser tocada sem consentimento/Ser forçada a beijarViolência física: Sofrer agressão física
Desqualificação intelectual: Desqualificação ou piadas ofensivas, ambos por ser mulher
Agressão moral/psicológica: Humilhação por professores, alunos, colegas de trabalho, parentes, amigos etc../Ofensa/Ser xingada por rejeitar investida/ Imagens repassadas sem autorização/Rankings (beleza, sexuais e outros) sem autorização.
Deu pra entender?
3 – IGUALDADE E LIBERDADE
Afinal é basicamente isso que o feminismo prega. Povo faz um tempestade sabe?
Responde essas perguntinhas aqui rapidinho:
- Mulheres devem receber o mesmo valor que homens para realizar o mesmo trabalho?- Mulheres devem ter direito a votar e ser votadas?- Mulheres devem ser as únicas responsáveis pela escolha de suas profissões, e que essa decisão não pode ser imposta pelo Estado, pela escola nem pela família?- Mulheres devem receber a mesma educação escolar que os homens?- Cuidar das crianças deve ser uma obrigação de ambos o pai e a mãe?- Mulheres devem ter autonomia para gerir seus próprios bens?- Mulheres devem escolher se, e quando, se tornarão mães?- Mulheres não devem sofrer violência física ou psicológica por se recusar a fazer sexo ou por desobedecer o pai ou marido?-Tarefas domésticas são de responsabilidade dos moradores da casa, sejam eles homens ou mulheres?- Mulheres não podem ser espancadas ou mortas por não quererem continuar em um relacionamento afetivo?
Se marcou sim em todas ou quase todas… Sinto afirmar mas… Você é pró-feminista! Viu, nem doeu.
Queremos igualdade na liberdade de escolha sobre a própria vida e o próprio corpo.
Queremos igualdade de oportunidade e crescimento sem julgamentos.
Queremos igualdade na liberdade de ir e vir.
Mais uma vez utilizo das palavras da maravilhosa da Clara Averbuck pra concluir:
“Ainda falta muita, muita, muita coisa. Precisamos de políticas públicas que viabilizem as nossas demandas, capa de revista não vai nos trazer isso de bandeja.Precisamos rever tudo. Precisamos rever padrões de comportamento e de beleza, ideais irreais que prendem as mulheres em lugares que não desejam estar, o papel das mulheres na sociedade considerando recortes raciais e de classe, tudo. Precisamos chegar onde as hashtags não chegam.Não estamos nem perto. Estamos chegando perto de saber como sair do lugar, tentando impedir retrocessos absurdos nos nossos direitos.Mas uma coisa é certa: ninguém mais para as mulheres. Ninguém mais cala as mulheres.Nunca mais.” (Clara Averbuck)
É só isso que queremos de presente. Mas pode dar um chocolatinho que a gente aceita também!
GIRL POWER!!!
LINKS:
Oi, Nay! Demorei um pouco a chegar, mas cheguei. E queria começar agradecendo infinitamente por todos os comentários maravilhosos lá no blog!
ResponderExcluirGostaria muito de receber todos esses ~presentes (e muito mais) todos os dias do ano, mas ninguém vai nos dar nada de bandeja, né? Infelizmente o mundo não é governado pelo bom senso. Então a gente finca o pé e pega de volta o que nos pertence na base da força e do incômodo mesmo.
Fico muito feliz de ver essas ideias sendo difundidas, mesmo que o backlash também esteja sendo bem forte. No fim, eu tenho certeza de quem vai permanecer de pé.
Beijos.
Seu blog que é uma delicia de ler! Não tem como não comentar! =)
ExcluirNay, que post bem ótimo e necessário esse. É uma pena que as pessoas ainda tenham tão pouco bom senso, que o cara que vai te entregar uma rosa no Dia Internacional da Mulher vai, dali a pouco, estar julgando as mina pela roupa, achando que tem o direito de passar a mão, que vai dizer que a mulher pediu pra ser estuprada porque né, olha só a roupa que tava usando, etc etc. Fico muito feliz de ver as pessoas falando e escrevendo sobre feminismo, porque é assim que a gente desconstrói ideia errada e, mesmo com passinho de formiga, vai conquistando nosso lugar, nossos direitos, nossa igualdade.
ResponderExcluirbeijo!
A gente tem que falar mesmo! Até não aguentarem mais e ouvirem!! E nos unirmos! Quanto mais unidas mais dificil pro patriarcado né non? Obrigada pelo comentário!! beijos
Excluir